Mostrando postagens com marcador leitura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador leitura. Mostrar todas as postagens

31.12.24

livros, 2024



a substância oculta dos contos, yolanda reyes (trad. suzana ventura)

E nesse continuum da linguagem, a escrita como trabalho de passar pela vida recolhendo e lavrando pedrinhas para torná-las símbolos, para que quando um leitor as junte com as suas sinta que alguém o reconhece e o chama por seu nome.
Essas lições culturais não são evidentes e precisam ainda ser ensinadas num sentido profundo que transcende o didático. Teríamos de ensinar, por exemplo, e creio que essa é a razão que nos convoca nessas páginas, que os livros, antes de tudo, foram vozes de gente, histórias de gente e que a experiência de pertencer a uma família humana também se reflete num horizonte de consciência comum representado na linguagem.


un lugar soleado para gente sombría, mariana enriquez

Había dos chicos afuera. Al principio me alivié, pero después los miré bien y el miedo que sentí no pude explicarlo después y no pude explicarlo entonces y no puedo entenderlo ahora. Estaban mal. Eran el Mal. No hay palabras para la sensación que producían. Yo no soy supersticiosa. sé que hay cosas raras y que mucha gente las cree, pero me resultam ajenas, pura incredulidad. Pero esa noche el cuello se me endureció al instante y entendí a qué se refería la gente con piel de gallina, con escalofríos de terror, con los pelos de la nuca erizados.


a viagem inútil: trans/escrita, camila sosa villada (trad. silvia massimini felix)

A literatura é um gesto de amor, dizia Borges.
Convoca o gesto de amor, como o leitor que guardou todos os meus textos que agora posso recuperar para descobrir que amadurecer nem sempre é melhorar. Que não importa que se passem muitos anos, a escrita não é melhor ou pior, apenas muda.
Que tudo isso que escrevo nada mais é do que um ato de amor por mim mesma, que às vezes sou tão estúpida que não consigo enxergar isso. Não consigo ver o carinho que proporciono a mim mesma quando escrevo. Um carinho desajeitado que muitas vezes se parece com um golpe, mas é assim que as fêmeas transportam seus filhotes, mordendo-lhes a pele do pescoço sem causar dor.


sacrifícios humanos, maria fernanda ampuero (trad. silvia massimini felix)

Morríamos de vontade de saber o que acontecia atrás dessas portas, embora soubéssemos instintivamente que não haveria lugar para nós ali, que nossos defeitos se multiplicariam até nos tragar, que seríamos uma hipérbole de nós mesmas, espelhos ambulantes de feiras: a gordinha, a mulher-macho, a magrela, a atarracada, a pelancuda. Assim como as garotas bonitas juntas potencializam sua atratividade, sobrepondo com suas virtudes grupais qualquer defeito, e se embelezam umas às outras até que brilhem como uma única e grande estrela, garotas como nós, quando estamos juntas, se transformam num espetáculo quase obsceno, exacerbando nossos defeitos como num show de horrores: nós somos mais monstras.


futuro ancestral, ailton krenak

Quando eu falo em adiar o fim do mundo, não é a este mundo em colapso que estou me referindo. Esse tem um esquema tão violento que eu queria mais é que ele desaparecesse à meia-noite de hoje e que amanhã a gente acordasse em um novo. No entanto, efetivamente, estamos atuando no sentido de uma transfiguração, desejando aquilo que o Nêgo Bispo chama de confluências, e não essa exorbitante euforia da monocultura, que reúne os birutas que celebram a necropolítica sobre a vida plural dos povos deste planeta. Ao contrário do que estão fazendo, confluências evoca um contexto de mundos diversos que podem se afetar.


menção honrosa: soy una tonta por quererte, camila sosa villada; desglaç | degelo, maria mercè marçal (trad. be rgb & meritxell hernando marsal); a analfabeta, agota kristóf (trad. prisca augustoni) & tehanu, ursula k. leguin (trad. heci regina candiani).

31.12.23

livros, 2023



as margens e o ditado, elena ferrante (trad. marcello lino)

Os intercâmbios com o mundo, sim, em todos os momentos são absoutamente nossos. As palavras - a forma escrita na qual as encerramos, prestando atenção nas margens vermelhas dos nossos cadernos -, não. Precisamos aceitar o fato de que nenhuma palavra é realmente nossa. Precisamos abrir mão da ideia de que escrever é libertar de forma milagrosa uma voz própria, uma tonalidade própria: para mim, esse é um jeito displicente de falar da escrita. Pelo contrário, escrever é, a cada vez, entrar em um cemitério infinito no qual cada tumba espera para ser profanada. Escrever é acomodar-se em tudo o que já foi escrito - a grande literatura e a literatura de consumo, se for útil, o romance-ensaio e o melodrama - e, dentro do limite da própria vertiginosa e abarrotada individualidade, tornar-se, por sua vez, escrita. Escrever é apoderar-se de tudo o que já foi escrito e aprender aos poucos a gastar aquela enorme fortuna.


o segredo da força sobre-humana, alison bechdel (trad. carol bensimon )


matrix, lauren groff

Eleanor extended her hand, encrusted with rings. She said gently that Marie must learn to love her new life, that she must learn to make the best of it, for this was the desire of both god and the queen. She would go tomorrow with a royal escort and Eleanor's own blessing.
Marie, not knowing what else to do, took the small white hand in her great rough ones and kissed it. Such things wrestled inside the girl. She wanted to take the soft flesh in her mouth and bite it to blood; she wanted to strike the hand from the wrist with her dagger and guard it as a relic in her bodice for eternity.


white cat, black dog, kelly link

When he was here with Prince Hat, all those years ago, it was summer. Light the nursemaid washing everyone and everything, light the voyeur seeping in around the black seal of the curtains in their hotel room. It pressed on his eyeball, lapped hotly at his skin, and came pouring out through him again like a tide when he tried to sleep. He and Prince Hat went to clubs, danced, drank, came out at three A.M. and found light the idler still waiting for them. Now it's winter and the cold settles, crackling, whispering, into his eardrums, his nostrils, his bones, and his heart. Now, like Prince Hat, the sun is sly, sneaks off as soon as you've caught sigh of it, staying away as if it means to stay away forever.


canto eu e a montanha dança, irene solà (trad. luis reyes gil)

Aqui, jogue tudo aqui, todas as coisas que você desejava, aqui, no meio do caminho, nessa margem, as coisas que você pensava. As coisas que você amava. E olha que eram bem escassas, pouca coisa. Esse homem e essa montanha. E fazem a mulher querer uma vida pequena. Uma vida mirrada, como uma pedrinha bonita. Uma vida que caiba no bolso. Uma vida como um anel, uma avelã. Não dizem a ela que é possível escolher coisas que não sejam pequenas. Não contam que as pedras pequenas se perdem. Elas escapam pelo furo de um bolso.Nem que, se a vida for perdida, não dá para escolher outra. Que pedrinha perdida é pedrinha perdida. Livre-se também do coração, aqui, no meio do caminho, entre o barro e o mato. Jogue aqui a alegria. Jogue a alma e os abraços e os beijos e acama de casal. É o jeito, é o jeito. E agora levante e olhe esta manhã tão magra e tão azul. E desça até a cozinha, enfie a comida dentro da boca e depois enfie a comida na boca na boca dos meninos, e depois na boca do velho, e depois na das vacas e dos bezerros, na boca da porca, das alinhas e da cadela. É o jeito, é o jeito. Até que se esqueça de tudo, de tanta força bruta.


eros, o doce-amargo, anne carson (trad. julia raiz)

Quando as pessoas começam a aprender a ler e escrever, um cenário diferente se desenvolve. Ler e escrever requer foco, por meio do sentido visual, e atenção mental em um texto. À medida que um indivíduo lê e escreve, gradualmente aprende a fechar ou inibir a entrada de outras informaçoes pelos sentidos, a inibir ou contolar as reações do seu corpo, de modo a treinar a energia e o pensamento para as palavras escritas. Para resistir ao ambiente externo, ele distingue e controla o ambiente interno. Isso constitui, a princípio, um esforço trabalhoso e doloroso para o indivíduo, nos mostram a psicologia e a sociologia. Ao fazer esse esforço, ele se torna consciente do seu interior como uma entidade separável do ambiente e de suas informações, entidade controlável pela própria ação mental. O reconhecimento de que essa ação controladora é possível, e talvez necessária, marca um estágio importante no desenvolvimento tanto ontogenético quanto filogenético, um estágio no qual a personalidade individual conserva a si mesma para resistir à desintegração.


a corneta, leonora carrington (trad. fabiane secches)

Infelizmente, existem poucas pessoas inspiradas e precisamos recorrer à nossa própria reserva de fogo vital, isso é muito cansativo, sobretudo porque, como você sabe, eu tenho que trabalhar dia e noite mesmo que todos os meus ossos doam e minha cabeça esteja girando e eu esteja desmaiando de cansaço e ninguém entenda minha luta moral para me manter de pé e não perder minha alegria inspirada de vida, mesmo que eu tenha palpitaões no coração e elas me tanjam como um pobre naimal de carga, muitas vezes me sinto como a Joadna d'Arc, tão completamente incompreendida e com aqueles cardeais e bispos terríveis atazanando sua pobre mente agonizante com um monte de perguntas desnecessárias.


--

menção honrosa para: o parque das irmãs magníficas, camila sosa villada (trad. joca reiners); latim em pó, caetano galindo; eisejuaz, sara gallardo (trad. mariana sanchez); irmãs da revolução, org. Ann & Jeff Vandermeer (trad. marcia men); voladoras, monica ojeda (trad. silvia massimini felix) ❤︎

31.12.22

livros, 2022



burning questions, margaret atwood

There’s no shortage of folks standing ready to tell the writer how and what to write. Many are those who feel impelled to sit on panels and discuss the ‘role of the writer’ or the ‘duty of the writer,’ as if writing itself is a frivolous pursuit, of no value apart from whatever external roles and duties can be cooked up for it: extolling the Fatherland, fostering world peace, improving the position of women, and so forth.
That writing may involve itself in such issues is self-evident, but to say that it must is sinister. Must breaks the bond between the writer, such as me, and you yourself, Mysterious Reader: For in whom can you place your readerly trust if not in me, the voice speaking to you from the page or screen, right now? And if I allow this voice to be turned into the dutiful, role-fulfilling sock puppet of some group, even a worthy one, how can you place any faith in it whatsoever? . . .


companion piece, ali smith

I looked at Lea Pelf again, and then at the sharpied words they / them on their T-shirt.
You know, I've often thought, I said, that if given the chance, the tiniest verbal shift, like on your T-shirt, can make everything possible. [...]
It's one of this era's real revolutions. And one of the most exciting things about language, that grammar's as bendy as a live green branch on a tree. Because if words are alive to us then meaning's alive, and if grammar's alive then the connection in it, rather than the divisions in us, will be energizing everything, one way or another. It means an individual person can be both individual and plural at the same time. And I've always believed there's real room to move in embracing the indeterminate.


as mulheres de tijucopapo, marilene felinto

Não vou desrespeitar nunca a menina que existe dentro de mim. A menina que existe dentro de mim está sentada num trono. Minha infância foi grande, de um tamanho sem medida; havia dias de ela me pesar no estômago e eu quase vomitar. Havia noites de ela me derrubar da cama e eu não poder dormir com ela. Espaço. Não há espaço que preencha uma infância. Uma infância são ânsias. Uma infância não preenche espaço algum, ela não cabe, ela se espalha no que eu sou até hoje, no que vou ser sempre.


mandíbula, mónica ojeda (trad. silvia massimini felix)

Vou tentar explicar melhor: para mim, o medo da idade branca começou quando meu corpo estava mudando. Primeiro, um cheiro rançoso. Depois, os mamilos como hematomas se arrepiando e doendo ao toque. Então, os fluidos vaginais iguais a um muco fresco e esbranquiçado. O cabelo indisciplinado. Estrias. Sangue. Aquela coisa incompleta e indefinida que a enoja em nós também é muito repulsiva para mim. A infância termina com a criação de um monstro que rasteja à noite: um corpo desagradável que não pode ser educado. A puberdade nos transforma em homens e mulheres lobos, ou hienas, ou répteis e, quando há lua cheia, vemos como nos perdemos a nós mesmos (o que quer que sejamos).


carvão animal, ana paula maia

Quando os solos são contaminados e os rios poluídos, a cidade jaz na esterilidade. Mas os habitantes de Abalurdes valem-se da natureza morta do carvão para subsistirem. Os fornos são como mulheres fecundadas que geram a vida. A vida é o carvão, mas que também é morte.
A fuligem cobre os olhos, os ouvidos, a boca. Esses homens carvoeiros são cegos, surdos e mudos pelas cinzas. [...] Assim, vistos de longe, esses homens são apenas sombras. Todos negros e sem distinção. São sombras produzidas pelo trabalho duro que é transformar natureza viva em morta para subsistir.


-

menção honrosa para: páradais, fernanda melchor; el año de la rata, mariana enriquez & dr alderete; love letters, virginia woolf & vita sackville-west; urso, marian engel; o feiticeiro de terramar & as tumbas de atuan, ursula k. leguin; imaginação e criação na infância, lev vigotski.

ps. lá no prefiro por escrito tem comentários/loucuras/lágrimas/opiniões/etc. sobre essas & outras leituras.

30.12.19

2019, livros



What is not yours is not yours (Helen Oyeyemi)
You looked at me, and this is how I saw you, when first I saw you: I saw your eyes like flint arrows, and your chin set against the world, and I saw the curve of your lips, which is so beautiful that it's almost illusory-your eyes freeze a person, but then the flickering flame of your mouth becons.


Não se pode morar nos olhos de um gato (Ana Margarida de Carvalho)
Há lá morte mais bonita e diluída, olhai o lirismo do momento, as vossas células a acolherem a água, anfitriões do mar, de regresso ao estado líquido do ventre da mãe, até se fundirem todos os cuspos e as correntes sanguíneas e as do mar seguirem no mesmo rumo e até um dia calcetarem os fundos dos mares com vossos polidos e anónimos ossos...


Girl, woman, other (Bernardine Evaristo)
her favorite poetry book is a book called I is a Long Memoried Woman by a Guyanese lady called Grace Nichols
we the women/whose praises go unsung/whose voices go unheard
she and the reading group had a big argument, no, it wasn't no argument, it was a debate, the other day, about whether a poem was good because they related to it, or whether it was good in and of itself
Bernardette said it was up to the literature specialists to decide what was good, they only knew whether they liked something or not
Winsome agreed, she wasn't no expert
Celestine said poetry was made deliberately difficult so that only a few clever people could understand it as a way to keep everyone else in the dark


A manual for cleaning women (Lucia Berlin)
Kentshereve could read. His name was Kent Shreve, but when he told me I thought it was his first name and that first night said it over and over, sang it over and over to myself as I have done with Jeremys and Christophers ever since. Kentshereve Kentshereve. He could even read the Wanted posters at the post office. He said that when we grew up he’d probably read a poster about me. Of course I’d be using an alias but he would know it was me because it would say large mole on ball of left foot, blaze on right knee, mole in the crack of the ass. Maybe somebody will read this who was once my lover.


In the dream house (Carmen Maria Machado)
You can't come, can't look her in the eye, can't bring yourself to go to one more bar. Your back starts to hurt, and your feet, and a doctor says to you, direly, that you need to lose weight. You bawl your eyes out and miss the punch line entirely: the weight you need to lose is 105 pounds and blonde and sitting in the waiting room with an annoyed expression on her face.

--


Menção honrosíssima para The testaments (deusa Margaret Atwood), Calibã e a bruxa (Silvia Frederici), Los peligros de fumar en la cama (Mariana Enriquez), Dear life (Alice Munro) e Sabrina (Nick Drnaso).


[todos de 2019 aqui]

20.12.17

2017, livros



A amiga genial, Elena Ferrante
O que era a plebe eu soube naquele momento, e com muito mais clareza do que quando, anos antes, Oliveiro me fizera aquela pergunta. A plebe éramos nós. A plebe era aquela disputa por comida misturada a vinho, aquela briga por quem era servido antes e melhor, aquele pavimento imundo sobre o qual os garços iam e vinham, aqueles brindes cada vez mais vulgares.

Cat's eye, Margaret Atwood
Apart from all this, I do of course have a real life. I sometimes have trouble believing in it, because it doesn't seem like the kind of life I could ever get away with, or deserve. This goes along with another belief of mine: that everyone else my age is an adult, whereas I am merely in disguise.


Nutshell, Ian McEwan
To be bound in a nutshell, see the world in two inches of ivory, in a grain of sand. Why not, when all of literature, all of art, of human endeavour, is just a speck in the universe of possible things.


Annihilation, Jeff VanderMeer
The map had been the first form of misdirection, for what is a map but a way of emphasizing some things and making other things invisible

A câmara sangrenta e outras histórias, Angela Carter
E a cada vez que passava a língua ele arrancava, camada após camada de pele, todas as peles de uma vida no mundo, e deixava no lugar uma pátina nascente de pelos brilhantes. Meus brincos se transformaram novamente em água e escorreram pelos meus ombros; sacudi as gotas de cima da minha pelagem tão bonita.

[os outros estão aqui.]

20.12.16

2016, livros



Cloud Atlas - David Mitchell
Why? Because of this:—one fine day, a purely predatory world shall consume itself. Yes, the devil shall take the hindmost until the foremost is the hindmost. In an individual, selfishness uglifies the soul. For the human species, selfishness is extinction.

Is this the doom written within our nature?

If we believe that humanity may transcend tooth & claw, if we believe divers races & creeds can share this world as peaceably as the orphans share their candlenut tree, if we believe that leaders must be just, violence muzzled, power accountable & the riches of the Earth & its Oceans shared equitably, such a world will come to pass. I am not deceived. It is the hardest of worlds to make real.

-

Maus - Art Spiegelman


-

Great House - Nicole Krauss
YOUR HONOR, for as long as I can remember I set myself apart. Or rather I believed that I had been set apart from others, chosen out. I won’t waste your time with the injuries of my childhood, with my loneliness, or the fear and sadness of the years I spent inside the bitter capsule of my parents’ marriage, under the reign of my father’s rage, after all, who isn’t a survivor from the wreck of childhood? I have no desire to describe mine; I only want to say that in order to survive that dark and often terrifying passage of my life I came to believe certain things about myself. I didn’t grant myself magical powers or believe myself to be under the watch of some beneficent force—it was nothing so tangible as that—nor did I ever lose sight of the immutable reality of my situation. I simply came to believe that one, the factual circumstances of my life were almost accidental and didn’t grow out of my own soul, and two, I possessed something unique, a special strength and a depth of feeling that would allow me to withstand the hurt and injustice without being broken by it.

-

Here I Am - Jonathan Safran Foer
I was wrong about almost everything. But I was right about the speed of the losing. Some of the moments were interminably long—the first cruel night of sleep training; cruelly (it felt) peeling him off a leg on the first day of school; pinning him down while the doctor who wasn’t stitching his hand back together told me, “This is not a time to be his friend”—but the years passed so quickly I had to search videos and photo albums for proof of our shared life. It happened. It must have. We did all that living. And yet it required evidence, or belief.

-

S. - Doug Dorst & JJ Abrams


---
Menção honrosa: The Bees - Laline Paull, City on Fire - Garth Hallberg, The Woman in White - Wilkie Collins, Satin Island - Tom McCarthy.

18.12.15

Livros, 2015

Todas as cosmicômicas, Italo Calvino
— Eu. Você, não eu — tentei explicar-lhe por gestos. Ficou contrariada.
— Sim. Você é como eu, mas não de todo igual — corrigi.
Ficou um pouco mais tranquila, mas ainda duvidava.
— Eu, você, juntos, correr correr — tentei dizer-lhe.
Ela rompeu numa gargalhada e saiu correndo.


The Sandman: overture, Neil Gaiman


Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie
"But of course it makes sense because we are Third Worlders and Third Worlders are forward-looking, we like things to be new, because our best is still ahead, while in the West their best is already past and so they have to make a fetish of that past."


The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Junot Diaz
I’m not entirely sure Oscar would have liked this designation. Fukú story. He was a hardcore sci-fi and fantasy man, believed that that was the kind of story we were all living in. He'd ask: What more sci-fi than the Santo Domingo? What more fantasy than the Antilles?


The heart goes last, Margaret Atwood
Oblivion is increasingly attractive to the young, and even to the middle-aged, since why retain your brain when no amount of thinking can even begin to solve the problem?”